quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vontade de parar
E não importa o quanto implora a vida la fora
o quanto corre o ponteiro da hora
ou o quanto apressa o vento;

Vontade de parar

Calar pra não gritar
segurar a lágrima, não chorar.
A revolta engolida
criando por dentro do corpo ferida
mágoa entrelaçada fundo até ossos doerem, pesarem.
a pele que murcha, o fio de cabelo que falta, o dente que cai
abrindo carecas, rugas, insuficiências, cânceres...

o corpo que não alcança o desejo de vitória e entra em estado de inercia
estado de natureza aditivamente separado, anulado.
[anulando todo o resto ao lado]

Dor em estado linear
a lágrima que não rola

o cérebro de repente parou
deu branco
renunciou
A respiração que diminuiu
e junto foi o corpo
deitado na cama
rolando na grama
não importa
nada importa mais que a desistência
minhas pernas simplesmente não correm tanto quanto o tempo que se vai
se esvai sem que eu possa dar conta de tanta tarefa
é só o cansaço
é só a revolta
é só o medo de não bastar
de de repente apagar, falhar, faltar.

É o medo de ficar velho sem perceber. Esquecer de viver tentando sobreviver.